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CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA EM CÂNCER DE OVÁRIO


INTRODUÇÃO

A cirurgia em pacientes com câncer de ovário é fundamental tanto para o diagnóstico, já que não há exame laboratorial ou radiológico que confirme a doença, quanto para o tratamento.

Como as mulheres com este diagnóstico tendem a ser mais idosas e apresentar comorbidades, a via minimamente invasivas (VMI) pode trazer benefícios por estar associada a menores taxas de complicação e recuperação mais rápida.

Os preceitos de cirurgia oncológica devem ser mantidos, tal como o cuidado na manipulação intra-operatória, de forma a não romper o tumor, e a extração protegida do tumor, de forma a não contaminar a ferida operatória.




Lesão ovariana altamente suspeita sendo manejada por VMI: Não manipular o tumor e remoção sempre protegida por “sacos" laparoscópicos. Fonte: arquivo pessoal.


QUAIS PACIENTES PODEM SE BENEFICIAR DESTA VIA?

A VMI tem papel tanto em casos de lesão ovariana suspeita como na paciente já com sinais de disseminação na cavidade abdominal.

Apesar de a VMI estar associada a maior risco de rotura tumoral, estudos mostram que, em mãos experientes, esse risco é minimizado. Salpingooforectomia é rotineiramente realizada por VMI, porém em casos suspeitos, é mandatório introduzir a lesão em sacos cirúrgicos estéreis e remove-la através da ampliação de uma das incisões. Caso o exame anatomo-patológico intra-operatório (congelação) confirme se tratar de neoplasia maligna, o estadiamento cirúrgico (histerectomia, omentectomia, biópsias múltiplas e linfadenectomia pélvica e para-aórtica) é também realizado por via minimamente invasiva. A vantagem da VMI é que, como a recuperação é mais rápida, quando indicada, a adjuvância com quimioterapia pode ser iniciada tão rápido como 10 dias de pós operatório.

Há limitação da técnica nas pacientes com lesões volumosas pois pode haver dificuldade na avaliação da cavidade abdominal bem como na extração da peça cirúrgica.

Já nas pacientes com doença disseminada, a laparoscopia permite:

- Material para biópsia e confirmação diagnóstica

- Avaliar com precisão a extensão da doença

- Selecionar as pacientes candidatas a cirurgia primária ou quimioterapia neoadjuvante: O intuito da cirurgia em câncer de ovário é a ressecar toda a doença macroscópica. Quando há doença residual acima de 1cm, as chances de cura da paciente caem drasticamente. Através da laparoscopia é possível calcular o "escore de Fagotti” que, prevê com alta acurácia a chance de se alcançar uma cirurgia ótima. Sendo assim, a VMI previne que a paciente seja submetida a uma laparotomia desnecessária, permitindo que o pronto início da quimioterapia.

Nas pacientes com doença extra-ovariana em que se opta por cirurgia de citorredução, a via padrão é a laparotômica. Porém, há um estudo prospectivo em andamento (LANCE) que têm como objetivo avaliar a segurança oncológica de se realizar cirurgia por VMI nas pacientes que realizaram quimioterapia neoadjuvante com boa resposta.


CONCLUSÃO

A via minimamente invasiva é uma alternativa segura em pacientes com câncer de ovário, com o potencial de permitir início de tratamento adjuvante mais rápido nas pacientes com doença inicial e uma ferramenta importante no planejamento do tratamento de pacientes com doença avançada.


REFERÊNCIA:

1. Jochum, Floriane, et al. "Three and five-year mortality in ovarian cancer after minimally invasive compared to open surgery: a systematic review and meta-analysis." Journal of clinical medicine 9.8 (2020): 2507.

2. Van De Vrie, Roelien, et al. "Laparoscopy for diagnosing resectability of disease in women with advanced ovarian cancer." Cochrane Database of Systematic Reviews 3 (2019).

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